sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


























Em Paisagem sobre corpo em silêncio, a poesia, “recobrindo em branco todos os poros de cada escala de sol”, propõe-se como meditação constante sobre o amor, sobre o tempo, sobre o corpo no cotidiano, exposto ao “desejo sem paisagem”, ao “destino que/ sem se despir/ se abre”, ao silêncio “que se desenrola dia sobre a noite”, à violência, ao pânico, à suavidade, ao que “não retorna mas torna à casa vazia”. Há dor — “em todas as latitudes do tempo na tempestade do ar”, — uma dor que se propaga, entre tropeços; que ativa a “tormenta” que “se instala na fala”, mas não inutiliza a vivência de uma vontade (também insistente, também cambaleante) cujos “dedos atravancam sem deslizes a metáfora sutil de estar vivo”, sem anular, por exemplo, o amor, que “é quando a exatidão das coisas cabe no movimento”.
Casé Lontra Marques.


Para quem esquece que literatura é trama e vai à cata de temas, pode-se pinçar e catalogar alguns mais, além de dor e amor: a cidade e o deserto, os detritos e as estrelas, espermas e vaginas, e outros mil e muitos mundos e máquinas ad libitum
: imagens (nuvens; piano; sangue), gêneros (romance à sorrelfa), máscaras (o discurso feminino e o do subalterno), sentidos (cheiros e toques), atitudes (rebeldia, loucura, suicídio) e que tais.
Wilberth Salgueiro.